ANDRÉ NUNES DA SILVA
( Portugal )
[ 1630 – 1705 ]
Foi sempre reputado como natural do Rio de Janeiro, mas o autor do Diccionario bibliographico portuguez o dá como nascido em Lisboa a 30 de novembro de 1630, e fallecido a 3 de maio do 1705, Na duvida entendi que não devia deixar de incluir seu nome no meu livro.
Foi presbytero do habito de S. Pedro, e não theatino, como diz José Augusto Salgado em sua Bibliotheca luzitana escolhida, sem duvida pelo facto de so ter o padre André Nunes recolhido, em 1684, á ordem de S. Caetano dos clerigos regulares da Divina Providencia, onde morreu; era formado em direito canonico na universidade de Coimbra, socio da academia dos Singulares e poeta; e o facto de ser seu nome incluido na Bibliotheca de Salgado demonstra que era poeta distincto e applaudido na época em que floresceu.
Sua biographia foi cscripta pelo reverendo Thomaz Caetano da Silva, e vem nas Memorias historicas e chronologicas dos clerigos regulares, tomo 1°, de pag. 465 a 493.
Livros originais do autor: Poesias varias, sacras e profanas. Lisboa, 1671. - E' um volume de 288 paginas, muito raro, mesmo em Portugal, onde foi publicado, - Hecatombe sacra ou o sacrificio de cem victimas em cem sonetos; em que se contêm as principaes acções da vida de S. Caetano. Lisboa, 1686, 127 pags. - E' tambem raro.
- Voto metrico e anniversario á Conceição da Virgem Nossa Senhora. Lisboa, 1695, 138 pags. in 8° – 2ª edição, posthuma. Lisboa, 1716. A primeira é uma collecção de sonetos, todos compostos pelo padre André Nunes; a segunda contém mais dez sonetos do clerigo regular Manoel Tojal da Silva, consagrados tambem á Conceição da Virgem Santissima.
- Diversas poesias - que se acham nos dous volumes da academia dos singulares a que pertencia o autor e nos Applausos da victoria do Ameixical.
Fonte da informação: https://pt.wikisource.org/wiki/Diccionario_Bibliographico_Brazileiro/Andr%C3%A9_Nunes_da_Silva.----------------------------------------------------------------------
Um dos três poemas originalmente publicados em:
https://www.citador.pt/poemas/a/andre-nunes-da-silva
Pecador Endurecido
Se por segredo oculto, alto destino
Da próvida, admirável natureza,
Do diamante lavrar pode a dureza
O sangue do cordeiro peregrino,
Lavrar deveis meu peito diamantino,
Amante Deus, pois somos nesta empresa,
Eu, um retrato vivo da fereza,
Vós, da brandura um exemplar divino.
Firme esperança de remédio posso
Ter, meu Jesus, notando-vos amante,
Por mais que o peito se resista inteiro.
Lavrai meu peito com o sangue vosso,
Pois é meu peito, peito de diamante,
E vosso sangue é sangue de cordeiro.
HAVENDO ESCAPADO DE ~UA GRANDE DOENÇA
Foi tão cruel, tão duramente forte
A que passei tormenta repetida,
Que não fazendo já conta da vida,
Só chegava a fazer caso da morte.
Mas lastimada de meu mal a sorte,
Quando já me notava na partida,
Propícia e favorável me convida
Com porto alegre, com seguro norte.
Altiva torre fabriquei no vento,
Mas a esperança vã que nela tive
O vento me levou que sempre corre.
Do mundo o céu nos de conhecimento
Que a desgraça é morrer como quem vive,
E a ventura é viver como quem morre.
Outros poemas estão disponíveis no livro Poetas do período barroco. Apresentação crítica e antologia de Marília Lucília Gonçalves Pires.
2ª. edição. Lisboa: Edições Duarte Reis, 2003.
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Página publicada em abril de 2022
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